quinta-feira, 26 de julho de 2012

Algumas vezes não cabem em palavras tudo o que vem oculto na alma, e eu escrevo escrevo escrevo como que para esvaziar uma represa e o que sobra ainda transborda no discurso silencioso das lágrimas!
Vejo o marejar ao longe, as velas dos barcos nesse infinito universo vermelho. É o poente que cai nas mãos dadas, num sorriso pálido, num aperto cálido e caem por vezes estrelas dos olhos e é tão tão vazio esse mar.
Esse silêncio queima todas as línguas enquanto se forma a palavra na boca, há de conhecer os novos signos antes que venhamos a sentir o gosto do amargo, das conjecturas do passado como quem mastiga incessante os mesmos versos solitários, para que possamos lentos e radiantes deixar de manejar as cinzas e esquecer a própria língua no emprego de uma nova e nela produzir livremente.
Enquanto passa, passarinho voa longe, canta saudoso lá atras pra cantar bonito depois.
Passarinho só não quer ficar no ninho enquanto o outro não vem, ele pensa que ninho vazio é qual final de tarde quando o Sol acarinha manso a Terra, não é quente nem bonito....é vazio nessa hora de parar de cantar e voltar sozinho.
Fica comigo passarinho...enquanto passa eu passarei.
E então me falaram que não se pode amar e odiar sempre....Mas que mundo é esse? Que gentes são essas? Pois que eu amo e odeio todos os dias até quanto se pode respirar e pra essas gentes estranhas deixa estar....

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Não há palavras, nem o que dizer, quando cala o coração empalidece a alma, e me arrasto muda e pesada por essa casa chamada solidão, vivendo meus dias em confortáveis escalas de cinza.
Aqui, antes de mim a lira.
Houve tempos de alegria
hoje limpo o que há por dentro.
Choram campos de exilados,
lamentam aos ecos.
Alma cheia de vazio.
Minha vida pelos suas digitais,
pela lembrança na marca da retina.
Hoje no beijo do copo,
e no abraço da caneta.

Cem pés pisam esse deserto

brancos e secos seguem caminhada

carregam a chama dessas velas famintas.

Coração é terra sem lei.

O pé que pisoteia cego na areia batida

é o mesmo que se cala à esperança.

Chora pois, nesse rio salgado

Bebe a sede dessa chama

que leva em brasa cada viajante

e deixe que as velas se apaguem no horizonte.