domingo, 31 de outubro de 2010

Que coisas são essas, que época é essa?
Nem ao menos te conhece?
Se esquece porque não sabe?
-Não sabe de nada!!!
Ora, me perdoe a petulância, eu que fui pedra gorssa desde a infância vir aqui me chamar diamante. Mas ainda tenho esperançade tirar do espelho aquela que se perdeu, que um dia se disse eu.
-Mas já não me importa, essa época é sua, é sua também a culpa de não saber agora a andorinha apaixonada que foste outrora!
Sempre que me ponho a escrever vem a certeza ambígua  de esquecer as entranhas dessas lembranças e é quase estúpida a tentativa de enteder. Me perdi nesse pozinho fino do amor....esse que nunca limpa e fica, irritante e insistente...um inseto pousado na cama, uma taça largada ao meio um beijo que não foi meu.
Passando as noites à espreita da resposta, a esperança parada à porta, o desejo de não ter que lembrar de você no rosto de outra mulher!!
Tenho sido...neutra,
distante,
tenho sido tantas vezes
relapsa distraída
que não me tenho tentado,
que me tenho contentado com pouco,
que me tenha deixado distrair com as coisas comuns.

Que não tenho sentido,
do meu jeito nostálgico,
saudade do que tenho (não que tive).
Que não tenho me deixado
levar pelo sonho
nem ao menos deixar a possibilidade do sonho.

Não tenho diálogos com o inconsciente
Eu, que tenho sido tão EU...
Tento reconhecer-te pelos seus pertences, algo em comum, o rítimo....brutalmente em comum, tão sutil que nem eu percebo e a perceptível volátil da face ruborizada condenou o flerte da poesia na poeira renovada de meus sentimentos.
O desconhecido brinca durante a busca do intervalo onde as trevas e a luz fazem parte do mesmo sonho...e a bruxa dança no convés da noite.
Não, não é sacrifício. É prazer!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Não há palavras nem nada a dizer, quando cala o coração a alma empalidece e me arrasto muda e pesada por essa casa chamada solidão vivendo meus dias em confortáveis escalas de cinza.
Vago pelo fantástico, rasgo o dia pela fresta da janela, na luz opaca do quarto doente onde convulsiona minha mente.
Choro com a voz dos anciões, agarro a noite enquanto essa tristeza antiga brinca com o poente das coisas....Já não sou a protagonista...passo desapercebida pelo palco de minha vida, estrela apagada e perdida!!

domingo, 24 de outubro de 2010

Pobre daquele que ama
encontra a chave do paraíso
à caminho do inferno
faz do inverno, tempo frio
felicidade de amante
e da cama descoberta de carinho
hino à lamentação
pungente e quente
desse coito proibido
que é o coração da gente

sábado, 23 de outubro de 2010

Ai que me dói a incerteza do amor, apaga minha chama e aumenta minha dor, cala a boca e fala ao peito, corta ao meio essa lágrima pedande, desvia da alma o tiro certeiro e é muito claro o ponto do impacto...a inércia que se faz do tempo, a hora que demora no caminhar do ponteiro...o universo vazio onde deveria deveria estar seu cheiro.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

MANUSCRITO

E o que se faz com as cartas de amor depois que o amor se vai? Dança devagar a areia na ampulheta jogada no fundo do mar....alguém rasga e joga fora esse meu coração cheio de poemas amarrotados e embriagados pelos dias que passei chorando uma lágrima por vez, sentindo o gosto de cada qual com a satisfação de saber que em algum momento iria voltar a sentir sem sentir dor...mas não passou e ainda sopra forte o eco no oco escuro e fundo que se fez na minha alma moribunda e descalça pelos meios fios da vida, trago no rosto o cansaço e no olhar o vício, nas mãos não levo nada na tentativa de ascenar ao primeiro indício de vida, o coração pulsa flácido e quase sinto o hálito fresco a colar minhas partes.
Nas costas vem o peso, carrego comigo meus fantasmas, minha mortalha e meu julgamento, levo o tempo como desculpa ou aliado e tento não com todas as forças fazer disso tudo alguma coisa que em mim sirva para tampar o buraco, amenizar qualquer coisa que ainda chora como o canto da mãe para o sono da criança ou a brisa fria no machucado, qualquer coisa de sutil, qualquer coisa de abraço, uma caixa, um sapato nos pés gelados que seguem cada qual sua direção.
Minha razão é feita de dois pés esquerdos e o coração, bom...como já disse...se ainda sentisse sem sentir dor seria o maior de todos, todo o amor que já se sentiu ou que poderia mas que na alegria dos momentos que tive só pra mim não suportou o impacto do transplante e faleceu de causas naturais e esse nem toda beleza do olhar preguiçoso ao acordar ou a euforia do entardecer hão de curar algum dia porque durante a noite eu ainda consigo escutar o martelar espectral de seu último suspiro.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Hoje atendo aos angustiados!!!

De novo isso, minha alma vaga a margem dos sentimentos, nada faz mais chorar que o compasso angustiado desse egoísta do meu coração..ahh sim, o amor é egoísta, pede pra si, clama implora, arrasta no chão, amarrota todo tipo de razão deixa nos olhos a sombra daquilo que foi, procura nas frestas desse chão a migalha que precisa pra se desfazer em mil pedaços e grita em silencio pra que lhe juntem os pedaços.
Eu, eu, eu, sempre “eu”...e por qual motivo sombrio não posso nós pedir que me enfeite de cristais esse coração tão maculado, escravizado pelos tantos anos de tortura e loucura, preciso sim que me diga, que mostre o seu lado enquanto vivo e respiro dessa atmosfera de “nós” e por hora é isso, nem aqui na página branca consigo mais esvaziar a mente, qualquer coisa que me contente, afasta essa sombra e me deixe de novo segura do abraço certo e das coisas incertas...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quantas pedras lavou o rio, quantos homens ali passaram? Ninhos e ninfas complacentes na aurora da primavera molhada... desperta alvorada brinca nua nos limites da noite, mata virgem, castanhas, amoras, na pele suada das uvas o toque doce de seu beijo na terra firme seu peito.
Por vezes amanheço nas águas errantes desse mar distante e outras vão meus beijos pelos barcos que oculta o horizonte, mas quando tenta atravessar esta ponte são os ventos que cessam a cantar seu nome no cobre de meus dias insones.