domingo, 28 de novembro de 2010

Antes isso, antes disso, alguma coisa do intimo, dormem as flores da minha orquidea e enquanto nao vem a primevera ela desperta lenta nas tardes da memória, uma incógnita quase branca, levanta as cores da alvorada...te tenho subito e manso dentro do que guardo no lado obscuro da lembrança mas ainda pulsa inconstante esse peito errante.
Ahhhhhh como eu queria me fazer, brincar, me dizer sua, amante...
Qualquer coisa que me aproxime dessa brincadeira, essa criança esse halito de voce!!!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Nas sombras da noite que se fizeram de meus dias, escorre em águas limpas minha lira nessa sarjeta imunda e ainda dizem ser profunda minha alma. Rasga essa dor danada, nas cartas embaralhadas do tarô procuro o consolo que me falta, mas nada...nada que se faça ouvir, sem efeito continuo sem forças, me arrasto pelos erros persistentes da existência superficial que me fiz com o tempo, nem o olhar nem o sorriso, só esse vazio e a vontade latente de ser pouco o que me satisfaz e resiste o que se fez pouco mas não é ainda o universo que me completa.
Acredito que talvez eu tenha nascido completa, não me falta nem um pedaço e a hipocrisia desta que vos fala me permite afirmar que sim, não me deixei sucumbir aos trapos dessa mortalha, me vesti de acordo com as estrelas e me anoiteci aos poucos, me diminui aos tantos e hoje sou apenas aquilo que não gostaria ser, mas sou a cerca dos que me rondam aquela que deveria ser e isso basta pois na timidez de cada consciência ninguém quer ao certo se conhecer!!!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

No peito sólido dessas tardes me deleito crua em seus lábios macios, tal qual a procura da boca à uva anseio pelo seu retorno, transito entre a lembrança e o agora e já não vejo a hora de por-te perto do meu desejo.
Assim te quero, na brisa no café na segurança dos seus pés minha guia minha pátria, raio de luz na longitude de meu corpo. E assim posso eu morrer na certeza de que és o sopro que acalma minha alma a única pessoa a celebrar o corpo desta mulher.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ninguém viu seu choro
Sufocado pela água do chuveiro
A mão estendida ao peito
A alma pelo ralo
O rímel escorrendo
No canto do olho
As unhas roídas e descascadas
A imagem de uma mortalha
A convulsão do seu sorriso
Seus pés seu cheiro seu sopro
A escrisofenia do seu riso
Ninguém quis a tentativa do abraço
Ninguém se fez companhia
Qualquer coisa de consolo
Algo que grite e quebre a mordaça
Essa casca fina
A fumaça
O cigarro
Quantos mais haverão de fumar?
E quantos cheiros
E quantos beijos
Vão por esse corpo passar...antes que me desnudem a alma

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Não é a árvore extravagante do horizonte, nem a revoada dos pássaros distantes que fazem a aurora de meus sentimentos.
É sua a semente pequena e pulsante que ama entre a sombra e a alma, dança descuidada na distração dos pensamentos mais conscientes e não sabes da alegria de tê-lo comigo pois na primavera de meu jardim me enfeito de seu sorriso, a flor azul e brilhante em minha pátria há tanto desmerecidamente opaca.
Enche com seu cheiro meu tato que mesmo longe é perto em seu abraço e já são seus meus olhos a se fecharem em sonhos e por hora isso basta.
Meus pensamentos insones trazem de volta a dor dos aflitos, na cama coberta de flores deita sozinha as lágrimas da lembrança enquanto procuro na carne dos pêssegos o doce de seu beijo, na umidade conveniente desse laço fica fácil encurtar a distancia dos seus abraços e qual rude criatura pode pintar tão triste quadro?